domingo, 20 de setembro de 2009

Eu paro de beber quando eu quiser.

Seção: Clichês em discussão
Foi outorgada, no mês de julho de 2008, a chamada lei seca. Segundo ela, qualquer miligrama de álcool detectado pelo etilômetro no sangue de motoristas resultaria penalização ao condutor embriagado. Na ocasião, houve enorme divergência nas opiniões dos brasileiros. Os favoráveis à medida argumentavam que os acidentes automobilísticos poderiam ser minimizados. No entanto, a parcela da população resistente à medida argumentava que os consumidores "sociais" de álcool (aqueles que, teoricamente, sabem seus limites) acabariam pagando caro por um vício que não lhes pertence. Em termos simples: os consumidores ocasionais seriam privados de seu hobby por causa dos beberrões.
Esse último argumento revela total ignorância acerca das complicações que, a longo prazo, o álcool pode acarretar. Da mesma forma como um usuário de maconha começa a consumir a erva em pequenas doses, qualquer um pode se tornar um beberrão mediante o consumo ocasional de álcool. Ora, a dependência química a qualquer droga é engatilhada pelo consumo da mesma em dosagens moderadas. A dependência é, portanto, um processo gradativo que requer um mínimo estímulo inicial para se instalar.
Como delimitar exatamente o ponto que separa o mero “apreciador” de maconha de um forte dependente? E como delimitar o ponto que separa o consumidor social de álcool de um alcoólatra? Esses limites são muito tênues. E não se pode esperar que acidentes automobilísticos ocorram para que alguém seja taxado de infrator. Aí já seria tarde demais.
Fernando Sachetti

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