segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Brasil: ame-o ou deixe-o.

É de dar dó. No coração de metrópoles nacionais, é doloroso ver as dezenas de ambulantes que, ameaçados, amontoam às pressas suas quinquilharias e as levam para não-sei-onde. São produtos piratas que, precariamente expostos no chão sobre lonas, garantem a sobrevivência de milhares de brasileiros que enfrentam sol, chuva, fome, fadiga e o “rapa” (nome vulgar da operação policial que busca conter o comércio pirata).
Enquanto isso, comemorou-se na semana passada o centenário da morte de Euclides da Cunha (autor de Os Sertões). Até aí, tudo bem. O doloroso, no entanto, foi ter de engolir José Sarney fazer um discurso enaltecendo a obra do autor pré-modernista. E eu pergunto: quem é José Sarney para ser o porta-voz do centenário da morte de Euclides da Cunha? E eu mesmo respondo: José Sarney é aquele presidente do Senado cuja roubalheira foi arquivada pelo Conselho de Ética.
Enquanto isso (perdoem-me a repetição), como se não bastassem as injustiças até aqui expostas, foi doloroso ver Vanusa sibilando o Hino Nacional na Assembleia Legislativa de São Paulo. Sibilando. Porque aquilo não foi cantar. E mais uma vez eu pergunto: no cenário da música brasileira, quem é Vanusa para (tentar) interpretar o Hino Nacional? E eu mesmo respondo: Vanusa é um grão de areia perante a grandiosidade vocal e cênica de Maria Bethânia, por exemplo.
Em plena semana da pátria, é doloroso ver este País tão disparatado como está. E faço minhas as palavras de Caetano Veloso para definir o Brasil que se vê: o avesso do avesso do avesso do avesso.

Nada está como deveria ser.
Fernando Sachetti

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