domingo, 4 de outubro de 2009

Versos Meus I

ENCALÇO

Que tua epiderme me seja abrigo.
Que teu corpo engorde de mim.
Quando pecares, que eu seja teu pecado.
E, ao confessares, que eu seja tua penitência.
Quando te viciares, que eu seja tua droga.
E, ao te reabilitares, que eu seja tua cura.
Na doença, não me faças teu escarro.
Na febre, não me faças teu suor.
Que eu seja tua doença e tua febre.
Quando te machucares, que eu seja tua cicatriz.
E, quando te prenderem, que eu seja tua masmorra.
Que eu seja a música que tu entoas.
E a hóstia que te purifica.
E a poema que te emociona.
Quero correr em teu sangue.
Quero ser o teu sangue.
E a fadiga de teus músculos.
E o consolo de teu fracasso.
E o troféu de teu sucesso.
Enquanto quiseres, que eu seja tua asfixia.
E, quando cansares, que eu seja tua liberdade.
Fernando Sachetti

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Oi! Obrigado por comentar algo. O que você tem a dizer sobre a matéria?