quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

TANGO: cotonete para os ouvidos; colírio para os olhos.

Seção: Isso aconteceu!

O tango Adiós Nonino, trazido no vídeo abaixo, foi composto em 1959 por Astor Piazzolla. Adiós Nonino, juntamente com Libertango, são as duas obras-primas que consagraram Piazzolla como o mais primoroso compositor de tango da segunda metade do século XX.
No vídeo, confere-se a cerimônia matrimonial do príncipe holandês Willem Alexander com a princesa Máxima Zorreguieta (de naturalidade argentina), em 2 de fevereiro de 2002. Durante a cerimônia real, a pedido de Máxima, uma orquestra deu vida a Adiós Nonino (que dizem ser o tango favorito do pai da princesa). A execução musical contou com a arrebatadora participação de Carel Kraayenhof ao bandoneon, cuja sensibilidade foi capaz de levar a princesa aos prantos.



Já que o assunto é tango, ainda traz-se em seguida uma das performances do grupo argentino Tango Fire numa de suas turnês pela Europa. Essa companhia tem sido avaliada pela crítica como a melhor companhia de tango do mundo devido à sua impecável precisão coreográfica. A coreografia aqui reproduzida se intitula Verano Porteñas e, não obstante a já citada limpeza de movimentos, os bailarinos são de uma veracidade cênica incrível (destaque para o bailarino que aparece de 1:23 a 1:41).



Fernando Sachetti

Parônimos III

Seção: Parecia confuso?
COMPRIMENTO (extensão) – Qual o comprimento da sua saia?
CUMPRIMENTO (saudação) – Beijo na bochecha é uma forma de cumprimento comum no Brasil.
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SOAR (emitir som / mostrar horário) – Que soem os tambores! / Soaram nove horas no relógio da catedral.
SUAR (transpirar) – Eu suo bastante mesmo quando a temperatura não está tão alta.
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DESPENSA (cômodo onde se conservam mantimentos) – A despensa fica nesse corredor, à esquerda.
DISPENSA (licença para não se fazer algo – vem do verbo “dispensar”) – O adolescente obteve dispensa do serviço militar.
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VESTIÁRIO (local onde se provam roupas) – Moça, onde ficam os vestiários?
VESTUÁRIO (roupagem; trajes; indumentária) – A cor preta é típica do vestuário gótico.
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FUZIL (arma de fogo de cano longo; espingarda) – Centenas de pessoas foram atingidas por fuzis de ar comprimido.
FUSÍVEL (condutor elétrico que evita curto circuitos em caso de excesso de corrente) – A energia tem oscilado muito e acho que o fusível não vai resistir. Provavelmente, haverá um desligamento geral.
Fernando Sachetti

"Qual é a alma do cinema?", por Arnaldo Jabor

Seção: Você pode saber mais!

Muita gente chega para mim e diz: “Como é?... Você não vai voltar a fazer cinema?” “Sei lá”, respondo. E penso: “Que cinema? Comercial, metafísico, político, experimental? O quê?” (...) Tenho saudades do cinema, sim, justamente nesta época em que as imagens inundam nossos olhos e ouvidos. Mas tenho saudades de outro cinema, da fragilidade dos filmes antigos e da ideia do “objeto único” a que eles almejavam. (...)
Atualmente, a cinefilia soa quase como um vício sexual; talvez tenha sido. Há um mundo secreto, próprio do cinema, que só alguns ainda conhecem. Hoje o cinema é nu. Está exposto nas lojas, feiras e bancas de jornais, está nas TVs, está rodando bolsinha nas ruas. Mas, se eu reclamo dessa profusão, dizem: “Ahh, qual é a tua, cara? Isso é bom para o cinema, aumenta a difusão no mercado etc. e tal.” Talvez, talvez, mas tenho saudades da sala escura, do cinema dos pobres tímidos, do cinema como ilusão solitária, realidade alternativa que analisávamos noite adentro nos bares. Como era bom esperar um filme do Fellini, e o novo Antonioni, e o novo Godard... (...)
Naquela época, o cinema ainda tinha a tal “alma” que hoje desapareceu nos supermercados e videoclubes. (...) “Creio que o cinematógrafo será útil para sabermos, no futuro, como os antigos se moviam...”
Talvez seja esta a “essência” do cinema: registrar a morte comendo a vida.
(...) – p. 77, 78, 79, 80.

Pornopolítica: paixões e taras na vida brasileira / Arnaldo Jabor. Rio de Janeiro: Objetiva, 2006.

"Índios", Legião Urbana

Seção: 2 mil é dez!
Composição feita por Renato Russo... logo após tentar suicídio.
"(...) Quem me dera, ao menos uma vez, como a mais bela tribo, dos mais belos índios, não ser atacado por ser inocente... (...)"


Maria Lamas (pensamento)

Seção: Pense.
“Ninguém tem direito a duas fatias de pão enquanto houver na terra um homem que não tenha nem um migalho.”

Maria Lamas (poetisa portuguesa do século XX)